Iniciando nossa série de artigos sobre a cultura gaúcha do nosso site o departamento cultural traz a participação da Prenda Laura Zawaski Paim, do CTG Chama da Tradição, da cidade de Sapezal, 1º Região Tradicionalista do MTG do Mato Grosso.
Neste artigo Laura apresenta seu trabalho de pesquisa sobre o Tropeirismo, feito em Setembro do ano de 2016, para o concurso regional de prendas e peões tradicionalistas, realizado na cidade de Tangará da Serra.
O Tropeirismo é o tema dos festejos farroupilha do Rio Grande do Sul.
INTRODUÇÃO
O tropeirismo como conceito foi um movimento ecônomico e social que se desenvolveu desde o sul do Rio Grande do Sul, divisa com a Argentina, até o centro do Brasil colonial mais precisamente Sorocaba, levando seus produtos a atingirem as lavras de Minas e os centros canavieiros do nordeste.
Apesar de se estender de sul a norte do país foi entre o Rio grande do sul e São Paulo que ganhou contornos mercantil e industrial, pois do sul saia toda a matéria prima do primitivo tropeirismo. Aquele que levava mulas, gado e logo após charque.
O Tropeirismo baseava-se na condução de animais soltos ou de mercadorias em lombos de animais arriados. Foi um ciclo de grande importância para a economia e fixação do homem no interior do Brasil, quiçá tão importante quanto foram os ciclos do café, da cana-de-açúcar, do ouro, da borracha e outros.
Inicialmente foram entre as reduções jesuíticas através da iniciativa dos padres que estimularam os primeiros transportes em lombos de mulas entre os vários povoados missioneiros. E foram também os missioneiros os descobridores dos passos de travessia dos rios, que era o principal obstáculo a essa atividade. Deve-se aos missioneiros a descoberta, por exemplo, dos passos de yapeyú, mbororé no Rio Uruguai por estes “passos” acredita-se que cruzaram vindos de Entre Rios na Argentina cera de 3000, mulas por mês chegando a 30.000 por mais de um século. As mulas tinham grande desenvolvimento na região, devido ao solo salitroso que possuía sendo esta condição especial para a reprodução dos asininos.
Destacou-se ai a figura do “tropeiro”, condutor de tropa, arrieiro ou bruaqueiro, como designação dada aos condutores de tropas ou comitivas de muares, cavalos e gado entre as regiões de produção e os centros consumidores no Brasil a partir do século XVII.
ORIGENS
A figura de um indivíduo de origem miscigenada das raças indígenas e europeias, sem identidade ou fixação, torneou-se por força da exigência e de seu modo de viver, num ser sem parada, adaptando-se a uma nova atividade que surgia que era a de abater o gado “chimarrão” ou “orellano” (Orelhano: animal sem marca), que existia em abundância, no campo. Retirando apenas o couro e o sebo que era embarcado para Portugal. Nascia assim o “changador” precursor do gaúcho. Um cidadão sem morada adestrado na lida bruta do campo.
O fato do tropeirismo exigir, o trabalho predominantemente de homens, que ficavam meses a viajar por caminhos íngremes e pedregosos, encontrou no “Gaúcho” o seu mais fiel representante.
Então houve uma adaptação espontânea e rápida do gaúcho andante sem morada sem parada e sem compromisso, com o sistema de condução de tropas de mulas, gado e de bruacas.
Este veio a conviver com outros grupos com as mesmas intenções, propostas e formação que eram os “Birivas” oriundos dos bandeirantes paulistas moradores do centro do país, consolidando este movimento que deixou marcas profundas na formação econômica do país. Portanto que o tropeiro paulista era chamado de “Biriva” e o tropeiro rio-grandense de “Gaúcho”.
Quando do nascimento desta atividade tropeira, foi iniciada uma integração comercial com os círculos econômicos do centro do país, através da “exportação” e envio de sua produção abundante de muares, gado vacum e carne de charque.
Assim, o gaúcho rio-grandense incorporou sabiamente em sua cultura todas as influências possíveis e saudáveis deixadas como marcas para as suas futuras gerações que ser formou neste movimento. Estas marcas são plenamente identificadas na gastronomia, na indumentária da época, no surgimento de cidades, no vocabulário, nas danças, enfim, na consolidação de costumes regionais.
O INÍCIO
A figura legendária de Cristóvão Pereira de Abreu, um nobre português, que emigrou para o Rio de Janeiro, por volta de 1700 e aos 42 anos arrematou, em leilão promovido pelo Rei, o monopólio de couros do Sul do Brasil, pagando o imposto anual de 70.000 cruzados.
Transformou daí a Colônia do Sacramento no maior empório mundial de comércio e contrabando de couro, ao exportar 500.000 peças por ano. Tronou-se um dos primeiros estancieiros e sesmeiros do Rio Grande do Sul, e foi também o primeiro tropeiro a transportar tropas para o mercado das minas de ouro do centro do Brasil, naquela época era utilizado o Caminho da Praia.
Em nova associação com a finalidade de abrir um caminho pela serra, desde o Morro dos Conventos, de Araranguá até Sorocaba, cruzando pelos campos de Vacaria e Lages, em 1727. Este foi o Caminho de Viamão.
Foi por este caminho que Cristóvão Pereira de Abreu em 1729 conduziu a primeira leva de centenas de cavalos e mulas. Na segunda viagem, que levou 14 meses tinha 130 tropeiros, levou 3.000 animais para Sorocaba.
O tráfego de muares entre o sul e as regiões do centro do Brasil constituía uma das maiores fontes de rendas da província de São Paulo, em virtude da cobrança de imposto per capita durante o caminho e na Feira de Sorocaba. Nesta feira, nos anos de 1855 e1860, foram comercializadas anualmente cem mil muares.
AS PRINCIPAIS TRILHAS
Os tropeiros seguiam por antigos caminhos indígenas e outros, abertos pelas tropas de mulas e pelas boiadas. Essas trilhas de e para o Sul eram chamadas genericamente de Caminho das Tropas, e compunham-se por três vias principais:
- o Caminho do Viamão, também designado como "Estrada Real", a mais utilizada, partia de Viamão, atravessava os campos de Vacaria, Lages, Correia Pinto, Curitibanos, Santa Cecília, Papanduva, Monte Castelo, Mafra, Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Palmeira, Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva, Sengés, Itararé, alcançando Sorocaba.
- o Caminho da Estrada das Missões, partia dos campos de São Borja, seguia por Santo Ângelo, Palmeira das Missões, Rodeio, Chapecó, Xanxerê, Palmas, onde se bifurcava por União da Vitória e Palmeira, e por Guarapuava, Imbituva e Ponta Grossa.
- o Caminho da Vacaria, que interligava Cruz Alta, Passo Fundo, Lagoa Vermelha a Vacaria no Caminho do Viamão.
- o Caminho da Praia, que interligava a Colônia de Sacramento no atual Uruguay a Laguna, ia pelo Litoral desde a altura de Montevidéu, atravessando o Rio Chuí, depois o canal de Rio Grande onde desde 1725 havia a tarifação para o transporte do gado, atravessava o rio Mampituba na atual divisa dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, cruzava o Rio Araranguá, que dá nome à cidade catarinense, e chegava a Laguna.
TROPAS
As tropas se formavam pela junção de animais, de um ou mais proprietários, sendo reunidos pelas estâncias em que as comitivas iam passando. Podendo ser tropas soltas ou tropas arriadas em um momento de evolução do tropeirismo.
AS TROPAS SOLTAS
Cada tropa ou Troço (esse era o nome dado ao lote de animais) reunia cerca de 3.000 animais e 130 peões tropeiros. Acampavam a cada trecho de 5 ou 6 léguas (30 a 35 km) percurso possível de ser realizado pelo animal em 10 a 12 horas de sol.
AS TROPAS ARRIADAS
Com o aumento populacional havido em 1750 com a chegada dos açorianos e logo depois com a chegada dos alemães, italianos, poloneses e outros ocupando áreas distantes dos portos marítimos e fluviais, além da grande produção da indústria de charque. Fez surgir outra modalidade de tropeirar, a de mulas arriadas.
Esta modalidade era a dos mascates que eram tropeiros em pequena escala (autônomos), que carregavam reduzidos número de mulas, e atendiam em pequenas cidades do interior e em pequenas bodegas e armazéns rurais, oferecendo de porta em porta pelos interiores do Brasil.
Eram assim chamadas por congregarem mulas arriadas, ou seja, encilhadas com cargueiros que consistia em:
Cangalha - suportava cestos ou Bruacas de couro na qual eram acondicionadas mercadorias.
Bruacas – espécie de mala de couro cru que é colocada sobre o lombo de animais, penduradas nas cangalhas, colocadas uma em cada lados dos animais, onde os tropeiros carregavam alimentos e materiais para comerciar.
Ligal - funcionava como uma espécie de lona que protegia os conjuntos de bruacas.
Carregavam nos portos ou centros de distribuição, geralmente estas mercadorias:
- Sal, açúcar, tecidos, pólvora, chumbo, utensílios de cozinha, armas, ferramentas, fumo, águas de cheiro e outros utensílios.
Voltando carregados do que o interior (campos e sertões) produzia:
- Charque, erva mate, mel, queijos, sebo, couros e grãos.
Esta modalidade seguia seu curso com animais presos entre si ou não carregando ao lombo de mulas cerca de 6 arrobas ou 90 kg de carga cada um, e compunham uma tropa de 20 a 30 animais.
AS COMITIVAS
A disciplina de uma tropa era muito rigorosa para que fosse possível enfrentar as intempéries dos caminhos (dificuldades próprias dos caminhos, do mau tempo, dos atoleiros, travessias de rios) ainda do cuidado com os amimais.
Sem falar no zelo com a carga e na preocupação constante com as ervas venenosas e moléstias comuns dos cargueiros. A Tropa ou comitiva pertenciam a um patrão Tropeiro que nem sempre viajava com a comitiva.
Basicamente as comitivas eram compostas, obedecendo a uma hierarquia em que figuravam peças de comando e trabalho importantes sendo:
- O Capataz: Tinha a liberdade e a obrigação de se deslocar por toda a comitiva, indo da frente à retaguarda, para melhor visualizar a andança, desviando e alertando para os perigos e assinalando os locais de pouso e sesteada.
- O Madrinheiro: cavalgava a frente conduzindo as éguas madrinhas com cincerros.
- Os Peões: Se distribuíam pela comitiva pelo meio e final conduzindo as tropas.
- O Marribador: Figura desconhecida e pouco comentada era um homem rude, conhecedor dos rincões e especializado em recuperar animais extraviados.
- O Cozinheiro: Outra figura importante e histórica que semeou a culinária tropeira pelos caminhos. Ia a frente e levava os cargueiros e peçuelos com equipamentos de cozinha, panelas chaleiras, e tudo o indispensável para cozer além víveres como café, arroz, charque, feijão, açúcar, farinha e erva-mate.
As refeições do dia que eram duas, a da manhã e da noite. No intervalo das refeições carregavam em seus peçuelos próprios e se abasteciam de ciquilhos, biscoitos, mãe-benta, biscoito de polvilho, broa de milho (fubá), e outros quitutes como rapadura, batata assada, pinhão, melado, marmelada, acompanhados de mate ou água fresca, das vertentes dos caminhos.
COSTUMES
A segurança maior para a tropa era em enormes e grandiosas “mangueiras de pedra”, ou potreiros “bem tapados e fechados”.
O tropeiro fazia seu pouso em “barraca” ou “céu aberto”, resguardado pela posição das bruacas e canastras no chão, ditas “fortalezas”, isto é, peças típicas cargueiras alinhadas no solo em forma de quadrilátero, cuja área central os tropeiros dormiam protegidos, adequadamente pelo “ligal” e cobertos pelos seus ponchos. Os tropeiros amarravam seus cachorros estrategicamente à “fortaleza”, para alertá-los a noite de qualquer situação estranha.
Quando não, o biriva abrigava-se do tempo em habitações coletivas toscas, amplas, cuja “rancheiro” não cobrava nada pelo dormitório ou permanência, a não ser, uma taxa per capta pelo pastoreio e aguada da tropa encerada em seu potreiro.
Havia também pontos de responsabilidade ou direito das autoridades governamentais, eram os “ranchos” e os “potreiros” chamados de “reiunos”. Que eram habitações e pastagens públicas, sem custos a tropeiragem, mas assentados, estrategicamente junto aos “registros”, de cobranças de impostos de trânsito de tropa.
Os principais registros do sul, eram os registros de Viamão, registro de Santa Vitória, no rio Pelotas entre Vacaria e Lages, registro do Pontão entre Barracão e Campos Novos e o registro de Curitiba, entre outros.
No local, o tropeiro descarregava suas encilhas, bruacas, canastras, jacás, surrões facões e arreiames campestres; fazia seu café tropeiro, degustava um torresmo, pilava um charque para uma paçoca, tomava um mate, preparava seu revirado de feijão em uma trempe.
Também desenvolvia outras atividades como, retemperar ferradura, afiar facão de mato, costurar com tentos cordas rompidas, e em momentos de lazer, compartilhava com demais companheiros de outras comitivas, cantando ao som de uma viola de 12 cordas e roseteando na terra dura seus temas das “modas dos antigamente”.
A INDUMENTÁRIA
As roupas utilizadas por esses cavaleiros revelam as dificuldades enfrentadas pelos caminhos.
Basicamente, o traje de um tropeiro era composto por:
- Um grande chapéu de feltro marrom ou cinza, também podiam usar chapéus de palha com abas amplas.
- Camisa: acompanhava a cor do chapéu e era feita de um tecido muito resistente, ajustadas adequadamente à frente logo abaixo do pescoço por 3 ou 4 casas, com cadarços de pano, de mangas não bufantes, retas, compridas e amarradas nas extremidades.
- Capa ou manta: ficava sobre os ombros e tinha a finalidade de proteger do frio.
- Botas de couro que iam até a altura da coxa, calçados como esses eram utilizados por oferecer mais proteção em terrenos alagados e matas em dias chuvosos, também utilizavam a faca guardada junto ao cano daí a expressão “Gaúcho faca na bota”.
Barbicacho: de couro rústico ou confeccionado artesanalmente com fios de seda preta ou crina colorida.
Lenço: de seda, com nó característico, atado no pescoço ou à cabeça com as pontas caídas às costas.
Poncho ou bichará: é confeccionado em fio de lã em tear rústico e são bem compridos. Cobre a cavalgadura quando do cavaleiro montado.
Bombacha: vestida desde 1580 pelos portugueses, no rio grande do sul o uso desta peça se popularizou depois da guerra do paraguai( 1865/70). Constitui-se de peça lisa ou adornada lateralmente.
Chiripá: tipo de saiote folgado, aberto lateralmente, disposto os redor da cintura e preso a esta.
Saiote: pedaço de tecido, de uma cor, amarrado na cintura, sobre a ceroula, aparentando ser uma saia.
Colete, véstia (casaquinho).
Guaiaca: de couro curtido ou de animal silvestre (lontra, veado), com repartições para pequenos pertences e documentos. Faixa: de algodão, usada por baixo da guaiaca uma das suas extremidades caída sobre a perna esquerda e apresenta bordados ou franjas. As botas garrão de potro são usadas para dançar pois para as tropeadas eram pouco utilizadas por serem pouco resistentes e oferecerem pouca proteção.
A CULINÁRIA TROPEIRA
Outra importante característica dos tropeiros era sua alimentação, que, posteriormente, influenciou o cardápio de diversos estados e regiões do Brasil.
A dieta era composta de feijão, farinha, toucinho ou carne de sol, além de café e fubá. Pratos como o feijão tropeiro, era prato principal. Cozido em caldeirões de ferro sobre as fogueiras, sempre acompanhado do charque, farinha e arroz-carreteiro. O alimento do tropeiro tinha que ser durável e seco devido ao grande tempo percorrido. O consumo de bebida alcoólica (cachaça) só era permitido em ocasiões especiais, ou ainda em dias frios para se aquecer e também chegou a ser utilizada como remédio, para constipação e picadas de insetos.
Outro importante instrumento para os tropeiros era uma cesta ou sacola que eram as matulas, peçuelos que carregavam em seus cavalos e mulas, ali guardavam a capa e os instrumentos usados diariamente.
DANÇAS
As danças Conforme pesquisa de Paixão Côrtes, foram encontrados quatro temas bailáveis: Chico do Porrete, Dança dos Facões, Fandango Sapateado ou Fandango Primitivo e Chula, todas pesquisadas e recuperadas na região da serra do rio grande do sul.
O IMPULSO INOVADOR E O SURGIMENTO DAS CIDADES
A necessidade de paradas, por vezes longas para esperar que as chuvas cessassem e o nível das águas dos rios baixasse, exigia pernoites e alimentação aos tropeiros, assim como pastos para alimentar os animais, fazendo com que famílias fossem se estabelecendo, dedicadas ao cultivo e comércio para atender aos viajantes, ocorrendo que a partir do século 18, pequenos povoados começaram a surgir ao longo do trajeto das tropas, principalmente no Sul e Sudeste.
Com o passar das décadas e o aumento do movimento nas trilhas esses núcleos desenvolveram-se, possibilitando a gradativa integração das economias regionais. Muitos desses núcleos transformaram-se em grandes cidades, como se verifica hoje ao longo desses antigos caminhos.
No início destes locais os comércios estabelecidos ofereciam desde pastos de aluguel para alimento dos animais, mangueirões, espaço para acampamentos dos peões, casas de cômodos que serviam de pensões e hospedagens. Com isso ocorreu o surgimento de profissões diretamente ligadas ao troteiríssimo, como venda e concerto de arreios, os seleiros, ferradores, ferreiros, hoteleiros, curandeiros entre outros.
Ao longo das rotas pelas quais se deslocavam, ajudaram a fazer brotar várias das atuais cidades do Brasil. Muitas grandes cidades de hoje surgiram assim como Lages, Curitibanos, Porto União SC, Ponta Grossa, Lapa, Palmas no PR, Cruz Alta, Passo Fundo, Vacaria, RS, Sorocaba, Itararé em SP.
A FEIRA DE SOROCABA
A primeira tropa passou pelas ruas de Sorocaba em 1733, foi conduzida pelo Coronel gaúcho Cristóvão Pereira de Abreu. Este tropeiro, sem saber, escrevia uma parte da história que mudaria o rumo do desenvolvimento da cidade.
Estas primeiras tropas passavam por Sorocaba e iam abastecer as Minas Gerais e o Nordeste.
Como as distâncias eram grandes e a demanda de burros também crescia, em 1757 foi estabelecida uma Feira de Gado Muar em Sorocaba, onde os vendedores e compradores de diferentes regiões se dirigiam para fazer negócios.
Esta feira durava três meses e os animais vinham da Argentina, Uruguai, Rio Grande do Sul até Sorocaba, sendo conduzidas em comitivas, e tocadas pelos próprios donos, tropeiros e por peões. As tropas vinham soltas e os burros cargueiros transportavam carne seca, feijão, farinha.
A feira, que era realizada anualmente em uma grande local nas adjacências da cidade durante a segunda quinzena do mês de maio. Os tropeiros vinham de todos os estados brasileiros para vender, comprar ou trocar seus animais. Os comerciantes pagavam uma taxa em comissão por cada animal negociado.
O último grande evento desta natureza em Sorocaba ocorreu em abril de 1897. No entanto, o comércio de muares continuou até a década de 1930, porém, sem o patrocínio da administração e o conjunto de comerciantes locais.
O ÚLTIMO TROPEIRO
O último tropeiro vivo (100 anos em 2014) a percorrer o trecho da rota entre Viamão, mora em Porto Amazonas. O peão Otávio dos Reis (nascido em 1914 na cidade de Porto Amazonas) fez 5 viagens antes do seu patrão utilizar outros meios para vender suas mulas.
A história registra os seguintes nomes como principais tropeiros: Francisco de Souza Faria (1717) - o pioneiro Cristóvão Pereira de Abreu (1735) - o patriarca João José de Barros (1808) - o paulista José Pacheco de Carvalho (sem data) - da Lapa Joaquim José de Almeida Taques, José Joaquim de Almeida Taques, Francisco de Macedo Taques (sem data) - todos de Castro José Joaquim de Andrade (sem data) - de Sorocaba Dr. Olivério Pillar (1875) - de Cruz Alta Joaquim Antonio Pedroso (1856) - de Sorocaba Maneco Pinto, José Antonio Rodrigues, Felipe Alves Machado, João da Silva e seu pai Potiguara do Prado (sem data) - todos de Carazinho Manoel Gomes de Moraes ou Maneco Biriva (sem data) - de Júlio de Castilhos João Ferreira Amado (sem data) - de Palmeira das Missões Augusto Loureiro Lima, vulgo Duque (sem data) - de Porto Alegre Maneco Bento, capataz de Pinheiro Machado e este (1898-1915) - de Cruz Alta"
CONCLUSÃO
Foi minha intenção na elaboração desta pesquisa aprender sobre a importância do tropeirismo além de trazer algumas informações de como este movimento foi importante para consolidar a integração do Brasil através dos costumes e usos disseminados por estes trabalhadores durante este período.
É importante dizer que o tradicionalismo gaúcho deve a este movimento o modo e comportamento que consolidou seus costumes, sendo hoje fonte inspiração e pesquisa.
Outra observação que pode ser feita foi que vemos que o gauchismo soube incorporar outros costumes a seu modo de vida sem perder sua característica peculiar nesta marcante interação com a cultura biriva.
BIBLIOGRAFIA
História e Memoria Gaúcha. Edinéia Pereira da Silva Betta. Clívio Holz. MTG – SC.
História do Rio Grande do Sul. Por Fidélis Dalcin Barbosa
Vários links sites de cultura Gaúcha.
Mapas pesquisa de Paixão Cortes.